Gazeta do Povo
Saiba o que fazer com aqueles equipamentos obsoletos, quebrados ou sem uso que ocupam espaço em casa
Sabe aquela parafernália eletrônica que você tem em casa, ocupando espaço? Um computador que não funciona mais, uma televisão quebrada, um liquidificador queimado? Pois eles podem ajudar alguém, virar um novo produto e até mesmo render um dinheirinho (no diminutivo mesmo). E, de quebra, ter uma destinação correta.
Para quem não quer ter trabalho algum, basta deixar na lixeira nos dias de coleta do Lixo que não é Lixo. De 300 a 500 peças são recolhidas assim todos os meses em Curitiba. Outra opção é entregar o material para uma associação de reciclagem. A prefeitura da capital tem convênio com o Instituto Brasileiro de Ecotecnologia (Biet), que vai até o local buscar os aparelhos. Em três anos de atuação na cidade, o Biet já recolheu aproximadamente 120 toneladas de lixo eletrônico.
Serviço
Saiba o que fazer com equipamentos eletrônicos velhos:
Doe para o museu da UTFPR
Se você suspeita que a peça que tem em casa possa ter algum valor histórico, entre em contato com o museu tecnológico da UTFPR. Telefone: (41) 3310-4545 (responsável: professor Luiz Augusto Pelisson).
Deixe no Lixo que não é Lixo
Eletrônicos recolhidos pelo caminhão da coleta seletiva são levados para um central de reciclagem, em Campo Magro. O material é leiloado a cada três meses e a renda retorna para financiar o Lixo que não é Lixo. Consulte dias e horários que o caminhão passa na sua rua no site http://geocoletalixo.curitiba.pr.gov.br/reciclavel.aspx
Doe para associação de reciclagem
O Instituto Brasileiro de Ecotecnologia é uma organização sem fins lucrativos recomendada pela prefeitura de Curitiba para recolher lixo eletrônico domiciliar. A entidade separa o material e vende, gerando renda para a manutenção dos trabalhos sociais, ou reaproveita os equipamentos e peças para aulas de robótica. Telefone: (41) 9932-0168.
Venda como sucata
Algumas empresas compram o lixo eletrônico. Na maioria das vezes, o valor é simbólico, como R$ 2 por um computador. A Reciclatech busca os aparelhos na sua casa ou empresa. Contato pelo fone (41) 3606-9623 ou e-mail reciclatech@reciclatech.com.br. Há ainda a Hamaya do Brasil, em Fazenda Rio Grande, que não busca o material, mas compra por quilo. Fone: (41) 3060-3500.
Dê para uma entidade assistencial
Várias organizações precisam de materiais de informática e aceitam doações, desde que os equipamentos estejam funcionando. É o caso do projeto ETM, que adapta computadores para pessoas que têm graves dificuldades motoras, como deficientes mentais. Contato pelo telefone (41) 9946-2966 ou pelo e-mail alexandrehenzen@hotmail.com.
Separação dos resíduos evita contaminação
O lixo eletrônico não pode ser descartado juntamente com o lixo comum porque os equipamentos têm produtos tóxicos, que são altamente poluentes. Mercúrio, chumbo, fósforo e cádmio são alguns dos elementos químicos existentes em processadores, capacitores e baterias, que se não estiverem em condições corretas podem contaminar pessoas, animais, ar, água e solo.
Além de evitar a poluição, o reaproveitamento de componentes eletrônicos ainda gera dinheiro. Quando são desmanchados, os aparelhos rendem metais nobres, como ouro e cobre. O professor Luiz Augusto Pelisson, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), explica que o ouro é um ótimo condutor elétrico e, por isso, processadores e outros componentes têm finos fios de ouro. O uso do metal dourado já foi mais comum em equipamentos eletrônicos, mas acabou sendo substituído recentemente por ligas de cobres, com a intenção de baratear os aparelhos.
Depois que o produto deixa de ser usado é melhor que ele fique armazenado em casa. “O problema é quando os elementos tóxicos que estão inertes dentro dos equipamentos começam a se decompor e liberam substâncias prejudiciais à saúde e ao meio ambiente”, conta Maurício Fratelli, coordenador do Biet. Por esse motivo, deixar os aparelhos ao relento não é recomendado.
Há também empresas que lucram com os produtos eletrônicos que deixam de ser usados. Cândido José Surmas, gerente comercial da Reciclatech, comenta que é possível agregar valor e gerar emprego a partir do lixo tecnológico. A empresa compra os aparelhos como sucata e assegura que dá destinação correta aos produtos. “Separamos plásticos, vidros, metais e revendemos para empresas que reutilizam esses materiais”, diz.
As empresas que buscam os aparelhos devem entregar ao proprietário um certificado, garantindo que estão autorizados a fazer a separação do material e que dão a destinação correta aos produtos. Também existem empresas que compram equipamentos eletrônicos antigos para usar as peças de reposição. Uma dica dada pelo professor Luiz Pelisson, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, para diminuir a geração de lixo eletrônico, é substituir apenas o miolo do gabinete do computador. Assim, a ferragem pode ser aproveitada.
Plano diz que indústria deve fazer a coleta
Assim como já acontece com alguns tipos de produtos, como pneus, a indústria de equipamentos eletrônicos também será responsável por dar a destinação correta aos aparelhos após o período de uso. A lei do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, em vigor desde 2010, prevê a logística reversa: os fabricantes devem fazer a coleta e o reaproveitamento dos materiais. Os prazos para as empresas se estruturarem estão sendo negociados, mas a previsão atual é de que a obrigação esteja valendo por completo em 2014.
Alguns setores já começaram o processo de logística reversa. Muitas revendedoras de celulares recebem aparelhos velhos e baterias. O comprador também tem papel fundamental. Além de avaliar qualidade e preço na hora da compra, o consumidor também pode incluir entre os critérios de seleção os produtos que já saem da loja com a garantia de recolhimento depois do uso.
Dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), divulgados em 2010, indicam que o Brasil é o país que mais gera lixo eletrônico, por habitante, entre as nações emergentes. O levantamento é contestado pelo Ministério do Meio Ambiente. Ainda não existem números precisos sobre a produção de lixo eletrônico no país. Um grupo governamental está realizando um estudo sobre o tema. Assim que for concluído, deve orientar políticas públicas e também ações empresariais para a destinação do lixo tecnológico.
500 milhões de aparelhos obsoletos ou estragados estão na casa dos brasileiros, segundo estimativa do Ministério do Meio Ambiente.
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