O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, rejeitou nesta terça-feira, 2, pedido feito por um grupo de 15 advogados de condenados no julgamento do mensalão para que fosse dado mais prazo para apresentação de recursos. Como consequência da decisão, eles terão apenas 5 dias para questionar a decisão tomada em dezembro pelo STF condenando 25 réus
O Estado de São Paulo
O pedido recusado por Barbosa era
assinado por advogados de renome, como o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz
Bastos, que defende ex-dirigentes do Banco Rural condenados no julgamento do
mensalão. Também assinava a petição o advogado José Luís Oliveira Lima, que
representa o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
O presidente do STF já tinha negado um
pedido semelhante, feito pela defesa do empresário Ramon Hollerbach. Os
advogados de Hollerbach recorreram da decisão e pediram que o assunto seja
apreciado pelo plenário do Supremo.
O STF ainda não publicou oficialmente a
decisão sobre o processo do mensalão, que demorou quatro meses e meio para ser
tomada. Com isso, descumpriu o prazo de publicação, vencido na segunda-feira
(1º). Depois da publicação, os advogados dos condenados terão um prazo de 5
dias para apresentar os recursos.
Com o atraso, dificilmente os culpados
iniciarão o cumprimento das penas neste ano. Entre os condenados estão José
Dirceu e os deputados federais petistas José Genoino e João Paulo Cunha.
Prescrição de crimes. Barbosa criticou nesta terça-feira o sistema
brasileiro e disse que permitir a prescrição de crimes durante a tramitação das
ações é um indicativo de que o objetivo é não punir.
"Prescrever ao longo da tramitação
(do processo) é indicação de um sistema que não quer punir", disse Joaquim
Barbosa, que também é presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A observação foi feita durante o
julgamento de um procedimento aberto para apurar a conduta de dois juízes
militares de Minas Gerais acusados de negligência por não decidirem grande
parte dos processos que estavam sob a responsabilidade deles. De acordo com
dados do CNJ, 274 processos prescreveram, o que corresponde a 82% do total. Ao
final do julgamento, os magistrados foram punidos somente com censura.
"Tem que haver uma reformulação
total dessas regras de prescrição. Elas conduzem a essas perplexidades. Em
muitos casos, há punição decorrente de cálculos deliberados para que a
prescrição incida", afirmou Joaquim Barbosa após conselheiros terem observado
que o instrumento da prescrição, criado com o objetivo de proteger o cidadão,
algumas vezes beneficia criminosos. "A prescrição é sempre uma espada de
Dâmocles na cabeça do juiz", completou.
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