terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Quem manda Luís Cláudio não fazer as coisas direito?


VALENTINA DE BOTAS
Era uma vez uma nação – o Brasil – distante do mundo por uma educação excelente em passar vexame, uma saúde pública líder em leishmaniose tegumentar na América Latina, uma segurança pública que deixa apenas 9 assassinos soltos em cada 10 assassinatos, uma economia resistente ao bom senso. Separada dos Estados Unidos pelo Atlântico e da Europa por jatinhos de empreiteiros e banqueiros, pariu um filho da mãe nascida analfabeta e que, para ser o mais republicano entre os varões desta Roma que fez da barbárie o apogeu, fundou a república dos pixulecos.
Israel Guerra, Lobão Filho, Zeca Dirceu, Renan Filho, Luís Cláudio e o irmão são todos uns filhos dessa república. Há outros. Uns mais vigaristas e/ou mais espertos do que os outros, têm em comum pais que enriqueceram com, de e na política. Segunda atividade mais lucrativa nesse florão distante da América depois das atividades lucrativas das elites, a política é mais atraente para determinada mão de obra avessa ao batente. Mas nenhum pai pixuleco elevou a preguiça intelectual, a vadiagem pilantra, a indolência moral e o oportunismo safo ao estado de terra arrasada e com tal imunidade longeva do que o jeca que, como um Abraão bêbado no Moriá, abateu o Luís Cláudio para se resguardar: “meu filho tem de provar que é inocente”, ele vaticinou.
Até outro dia, a inocência era presumível até mesmo para aqueles com quem o jeca não mantinha laços de sangue além dos de vigarice. Mas, quem manda Luís Cláudio não fazer as coisas erradas direito? O que esse menino anda aprendendo em casa? Ora, o exemplo do pai que, devastando também o patrimônio moral da nação, subtraía a pátria em aberrantes transações de-nunca-antes-na-história-blablabla enquanto a distraia de si mesma com a retórica da mentira a favor de um bando e do ódio contra o resto.
Luleco acordou para a vida de luleco milionário sob a constante voz roufenha do cinismo renitente na língua presa solta em canalhices fluentes. Luleco tentou, mas não colou. Talvez seja o tipo bisonho de espertalhão que é comido pela esperteza, talvez se assemelhe ao pai na arrogância que os cega para o fato de o Brasil estar mudando, talvez tenha sido displicente ao contar com a credulidade da nação tão estupidamente crédula até ontem. Não sei. Mas a nação devastada constata com alívio que, além de não haver um sucessor para o lulopetismo uma vez que o jeca se crê eterno, também não há um herdeiro natural. Pode ser a chance para a nação diminuir o fosso de civilização que a distancia do mundo.

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