Sherlock Holmes assistiria ruborizado de vergonha a entrevista da advogada Beatriz Catta Preta (cujo marido foi preso com 400 mil dólares falsos em 2002) ao repórter Cesar Tralli no Jornal Nacional. Segundo Holmes, “uma vez eliminado o impossível, o que restar, não importa o quão improvável, deve ser a verdade”. Pois a versão não ficou muito clara e, portanto, dificilmente é a verdade, conforme apontou o advogado do Deputado Eduardo Cunha, Antonio Fernando de Souza. Pois vamos seguir a regra de Holmes, iniciando por eliminar o impossível.
Catta Preta não abandonou seus clientes; abandonou uma carreira, um ofício, uma profissão que a deixou rica, até porque “menos da metade” de 20 milhões de reais, amealhados apenas pelo trabalho junto aos implicados no Petrolão, já configura a afluência de quem recebeu. Esse “abandono” amplo, geral e irrestrito é muito mais do que estranho e sugere mais uma “venda de banca” do que outra coisa.
Observemos agora a “valerosa” OAB. A entidade manifestou-se de modo veemente e indignado quando a advogada foi convocada pela CPI da Lava-Jato e também se manifestou contrária à hipótese de que ela teria de informar a origem de seus honorários. Agora, observem com atenção, que a OAB não levantou uma sílaba em defesa de uma de suas associadas que teria sido vítima de ameaças! Nem a OAB, nem a Polícia Federal, ninguém veio em “socorro” de Catta Preta que disse, com lágrimas comedidas, que não havia sido, de fato ameaçada, mas apenas de modo velado ou sugerido. Ora, convenhamos, não parece ter havido ameaça alguma, não é Doutora Catta Preta? E se houve, não seria o caso de pedir proteção do Estado, das instituições, denunciar na imprensa e pedir investigações? Ou as ameaças diziam respeito a outros temas não afeitos à Lava-Jato?
Mas vamos supor que ela tenha realmente ficado com medo de alguma coisa, um temor tão tenebroso que a faria abandonar um negócio “podre” de tão lucrativo, um negócio milionário, onde ela seria considerada a estrela mais brilhante. Ora, que ameaça foi essa que a faria abandonar um ofício, demitir funcionários, esvaziar um conjunto como se houvesse lá uma cena de crime, algo que tinha de ser descontinuado de qualquer forma? Que temor seria esse? Cadê a Ordem dos Advogados do Brasil para se solidarizar com a Dra. Catta Preta? Cadê a OAB para defender Catta Preta?
Não fecha. Não cola. A OAB gosta mais do PT do que de Catta Preta e do marido dela.
A história é tão, mas tão mal contada que não vamos precisar dos serviços de Holmes para elucidar o busílis. Catta Preta teria ido longe demais, teria feito a lei chegar muito perto de gente muito importante. Catta Preta teria feito tudo certinho, sem deixar furos que se tornariam pedregulhos processuais logo adiante. Catta Preta teria tornado o instituto da Delação Premiada uma ferramenta de efetiva redenção do Brasil. Catta Preta precisava ser brecada.
Mas como?
Minando seus conceitos, suas regras, sua credibilidade? Ou teria algo a ver com prisão de seu marido há 13 anos? Por via das dúvidas, a partir de agora, alguém precisa mentir em delações premiadas, alguém precisa ser orientado a omitir informações e outros devem lançar dados sem provas e acusações falsas ou de encomenda. O que precisa ser destruído é o instituto da Delação Premiada! Será que ela não teria topado a parada e passado a banca adiante? Ou teria sido apenas ameaças à integridade dela e de sua família?
Decida você o que é pouco provável, o que é menos mentiroso ou o que parece ser apenas impossível.
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