quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Bitucas de cigarro podem deixar de poluir e ainda gerar lucros

CMC

Fumantes podem ser punidos se jogarem bitucas de cigarro no chão das ruas, praças e parques da cidade. A proposta, de autoria da vereadora Noemia Rocha (PMDB), foi amplamente debatida e aprovada por unanimidade, em primeiro turno, nesta terça-feira (8), na Câmara de Curitiba. A ideia é instalar lixeiras específicas, de baixo custo e resistentes, para o correto descarte em diversos pontos da cidade e, ainda, penalizar quem desrespeitar a norma. De acordo com a parlamentar, Curitiba tem 18,2% de fumantes, o que gera diariamente 1,5 tonelada de bitucas e que apenas 20 delas num manancial geram poluição equivalente a um litro de esgoto. “O filtro de cigarro entope bueiros, polui parques, ficando aproximadamente cinco anos na natureza até ser decomposto”, informou Noemia, na tribuna da Casa.
Com relação à penalidade, a vereadora esclareceu que a punição deve ser a mesma aplicada para quem joga papel no chão. “O procedimento para apurar as infrações e aplicar as respectivas sanções dar-se-á segundo o disposto na lei municipal 11.095/2004”. As despesas com implantação e confecção das lixeiras ou recipientes exclusivos para o descarte poderão, segundo a parlamentar, decorrer de parcerias entre o poder público municipal e a iniciativa privada. “Empresas poderão utilizar os espaços para divulgação e publicidade”, justificou, acrescentando que as parcerias “não trarão custos à administração pública, o que viabiliza o projeto.”
Quanto a fiscalização, Noemia Rocha disse que qualquer pessoa poderá fiscalizar o cumprimento das regras e denunciar infratores. A vereadora acredita que Curitiba se adaptará muito bem à proposta, assim como aconteceu com a lei antifumo e outras de caráter ecologicamente correto, como, por exemplo, a de separação de lixo. “Tenho certeza que os fumantes, ao perceberem que se jogarem bitucas em local apropriado para dar um fim útil ao material, altamente tóxico, não irão se opor a contribuir”, afirmou, lembrando que, além de confecção de papel, roupas e material para compostagem, os filtros podem ser reutilizados para hidrossemeadura. “A reciclagem é financeiramente viável e contribui absurdamente com a preservação meio ambiente”, enfatizou. O valor arrecadado com as multas deverão ser destinados ao Fundo Municipal do Meio Ambiente.
A matéria contempla, ainda, ampla divulgação e conscientização da população. Além de textos explicativos advertindo para a nova lei em locais de grande circulação, como bares, boates, restaurantes, prédios públicos e estabelecimentos que comercializem produtos fumígenos, deverão ser realizadas campanhas educativas sobre deveres, proibições e sanções impostas. A grande relevância ecológica e ambiental da proposta também deverá ser divulgada à população por meio de jornais, revistas, rádio e televisão. “Seguindo o exemplo do vereador Tico Kuzma (PSB), autor da lei antifumo, buscamos avanços para a qualidade de vida dos curitibanos”, afirmou Noemia.
Tico Kuzma também ocupou a tribuna da Casa para debater o assunto. Autor da lei antifumo, o vereador parabenizou Noemia pela preocupação com o meio ambiente, mas apresentou algumas preocupações. Na opinião dele, a exposição das lixeiras pode instigar fumantes ao vício, assim como os cartazes colocados nos bares. Kuzma falou da dificuldade em fiscalizar e punir infratores. Outro fato que ele considerou falho diz respeito às parcerias. “Lugares privilegiados, como a Rua XV, por exemplo, conseguirão os equipamentos. Mas, e a periferia?”, questionou.
Noemia Rocha acredita que não haverá problemas com relação à implantação das lixeiras, uma vez que o material é barato e comerciantes de todos os lugares da cidade têm vontade de divulgar seus estabelecimentos. “Empresários querem atrair toda a população, more ela no centro ou na periferia”, disse, alegando que o custo benefício é certo. Com relação ao incentivo, a parlamentar também discordou. “O cartaz informando que no local é proibido fumar pode despertar a vontade de fumar mais do que um explicando que o material pode ter destino correto, protegendo o meio ambiente”, opinou. E, por último, disse não se preocupar com a fiscalização. Ela acredita que o bom senso vai prevalecer, pois “trata-se de uma questão de educação”.

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