terça-feira, 27 de agosto de 2013

Na Lapa não, Padilhão!


por Célio Heitor Guimarães

Levei um susto: a Lapa, a minha Lapa, vai receber um médico cubano?!… Não resistimos bravamente ao avanço de Gumercindo Saraiva e de seus maragatos para nos entregarmos agora aos irmãos Castro! Alguma coisa está errada. A Lapa mencionada pela Gazeta deve ser algum burgo perdido lá no interior do Piauí ou do Maranhão. Até porque na Lapa paranaense a escravatura foi abolida em 1888. E não tem nada de grotão.

O doutor Alexandre Padilha garantiu que o diligente governo da “presidenta” Dilma está comprando médicos em Havana para atender aos grotões do Brasil, aonde nenhum esculápio brasileiro quer ir. Por isso, entre uma mentira e outra, uma dissimulação e outra, foi acertado com a exportadora cubana o envio à Pindorama de um total de 4.000 médicos, cujo primeiro lote chega esta semana. Já vêm devidamente configurado, dispensando avaliações e/ ou revisões em território brasileiro. Talvez nem precise mostrar o diploma ou provar que tem noção de medicina, posto que o governo petista e todos os seus fiéis seguidores acreditam piamente nos Castro e por eles dão a vida. Por enquanto, isso não está sendo preciso. Bastará depositar os R$ 10 mil referentes a cada doutor na conta “del comandante”. É o modo mais fácil e descarado de financiar a ditadura cubana. Heil, Lula!

Mas voltando à Lapa, o que está acontecendo lá na antiga Vila Nova do Príncipe, meu caro Fausto Lacerda? O que os novos lapeanos estão fazendo ao pé da Gruta do Monge? Cadê os velhos lapeanos? Vieram todos para Curitiba e estão renegando a origem? Ou transferiram-se para Palmas, no Tocantins, como fez o ex-ministro Borges da Silveira, que, por sinal, é médico? Como se posicionará o Instituto Histórico e Cultural da Lapa, criado por Borges e presidido por Maria Inês, sua mulher, tão cioso das tradições lapeanas?

Por falar no Tocantins, vejo ainda na Gazeta que o novo Estado foi pioneiro na importação de médicos de Cuba. Entre 1977 e 2005, 96 doutores cubanos “atenderam” em 48 cidades tocantinenses. Lá também não precisaram revalidar seus diplomas. E o convênio com o governo do Caribe só foi interrompido porque uma decisão judicial comparou o trabalho dos “médicos” a “curandeIrismo”. Magoado, o comandante Fidel recolheu todos à caserna.

Desculpe-me a periferia, mas a Lapa é coisa séria, sagrada. Só que de um tempo para cá tem perdido o rumo. Primeiro, foi o Paulo Furiati, tantas vezes prefeito, recolhido aos costumes; agora, a prefeitura abriga uma mulher e, ainda por cima, petista. Mas, como petista, se na Lapa o PT nunca existiu? (Nota: a referência à condição de mulher da alcaide é mero chiste, não me venham com machismo, discriminação e lei Maria da Penha. Já o PT na prefeitura lapeana é realmente surpreendente.) Talvez tenha sido por isso que o Sérgio Leone, um grande lapeano, que soube amar e cultuar a Lapa como poucos, encerrou a conta e partiu. E deixou um vazio sem tamanho.

O certo é que o anúncio da chegada do médico cubano teve repercussão inclusive no cemitério da cidade, causando desassossego nos doutores Victor Ferreira do Amaral, João Cândido, Santos Lima, Quinco, Pedrito, Aloizio Leone, Luiz Lacerda, Fadel e Carrano, entre outros ilustres, ali postos em repouso. Há quem diga que o próprio gen. Carneiro ameaçou descer do pedestal da Praça da Matriz.

Nada contra os cubanos. Ao contrário, o povo cubano é admirável, alegre, divertido, criativo, trabalhador e pacífico, muito igual ao povo brasileiro – afinal, somos todos filhos da Mãe África. A rumba é formidável, o mambo também, assim como a conga, a salsa e o merengue. Ibrahim Ferrer, Omara Portuondo e Pablo Milanes são adoráveis. Quem não vibrou com a Orquestra Românticos de Cuba e ainda não vibra com o que restou do Bela Vista Social Club?

O problema é a medicina cubana, que já foi uma das melhores do mundo, mas hoje sofre os males da profunda decadência da Ilha, sem atualização, sem intercâmbios e sem liberdade. Lá, hoje, como se vê, os médicos viraram mercadoria, exportável pelos irmãos Castro, em troca de pesos, rublos, dólares e reais, inclusive do irresponsável e submisso governo brasileiro.

Assim, os lapeanos de bom senso, conhecidos pelo seu altruísmo, abrem mão do brilhante clínico cubano que lhes foi reservado e sugerem que o mesmo seja enviado para o Palácio da Alvorada, em Brasília, ou para São Bernardo do Campo, onde seus serviços poderão ser melhor aproveitados.

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