É..., a medir pela vigorosa e uníssona reação dos amigos e aliados do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva - numa espécie de coro de anjos alçados em defesa do líder alcançado por denúncias de mal-feitorias - Marcos Valério (criminoso recentemente sentenciado, juntamente com políticos do PT e da base aliada) ou é um grande mentiroso ou aproximou-se perigosamente da verdade.
Os anjos do PT são todos graúdos, muitos integram a classe dos
Serafins, os mais destacados na hierarquia celestial, também conhecidos
como ardentes ou de serpentes de fogo. São os mais próximos a Deus e
emanam a essência divina no mais alto grau.
A proximidade com o poder máximo fazem dos Serafins entes
especiais. A iconografia os representam como guerreiros, nunca como
anjos comuns, aqueles de auréola, inocentes e virtuosos.
Os Serafins exibem seis asas e “inflamam os anjos inferiores no
cumprimento dos desígnios divinos, purificando-os com seu fogo e
iluminando suas inteligências, destruindo toda sombra”(Wikipedia).
Primeiro Serafim a reagir foi o presidente do Instituto Lula e
ex-metalúrgico Paulo Okamotto, acusado por Valério de ameaçá-lo de
morte. Negou tudo e acusou o Estadão de ter obtido as informações de
forma ilícita.
A referência aos métodos jornalísticos não é nova. Os líderes do
Partido Republica também não gostaram da forma como os repórteres do
Washington Post obtiveram as informações que culminariam com o
afastamento do presidente Richard Nixon, nos EUA.
Okamotto tem um currículo respeitável: foi diretor financeiro e
jurídico do sindicato dos metalúrgicos do ABC e coordenou com José
Dirceu, Cesar Alvarez e Ruy Falcão a primeira campanha eleitoral de
Lula à Presidência, em 1989. Por seus méritos passou todo o período de
2003 a 2010 como presidente nacional do Sebrae.
Aos jornalistas, ontem, declarou , serafínicamente, que os
resultados do julgamento do mensalão tornam possível concluir “que os
que buscaram recursos para pagar campanha, que usaram esses recursos e
não sabiam, acabaram pagando pela aproximação com Valério”. Tadinhos,
pobres inocentes.
Outro Serafinzão que apareceu ontem na mídia, foi o condenado José
Dirceu, que se percebe pobre vítima inocente de um malévolo
julgamento que , acredita, será apagado da história. Triste ilusão.
Em cartão de Natal enviado a muitos, Dirceu lembrou de sua luta
pela liberdade do País. Ora José, não me venha de borzeguins ao leito.
Muitos se bateram contra o regime militar na busca pelo retorno das
liberdades democráticas. Desculpe-me, mas não foi propriamente seu
caso. Nós jornalistas, assim como seus colegas de partido, sabemos de
seu acérrimo pendor autoritário, e que a liberdade que aspirava era, na
melhor das hipóteses, à la cubana.
E por fim, fecha a cena, o cordão dos governadores indo ontem
fazer seu preito de vassalagem a Deus na Terra. Aí, a bem da verdade,
poucos Serafins, a maioria menos graduados, das ordens dos Tronos,
Virtudes ou meros Arcanjos.
É bom nomeá-los: Tião Viana (PT-AC), Jaques Wagner (PT-BA), Sérgio
Cabral (PMDB-RJ), Agnelo Queiroz (PT-DF), Camilo Capiberibe (PSB-AP),
Teotônio Vilela Filho (PSDB-AL), Cid Gomes (PSB-CE) e Silval Barbosa
(PMDB-MT). Também esteve presente Luiz Fernando Pezão, vice-governador
do Rio de Janeiro.
Esses acreditam que a Justiça deva ter limites. Que a imprensa
deva ter limites. Que o Ministério Público deva ter limites. Que tudo
tenha limites para não afetar os detentores do poder, lá alçados pelo
voto popular. Como gostariam que o Brasil fosse a Venezuela, o Equador,
a Argentina...
Claudio Humberto
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