quinta-feira, 14 de junho de 2012

Serraglio bota a boca no trombone e assopra Zé Dirceu


Zé Beto


por Rubens Valente, da Folha.com



O relator da CPI dos Correios (2005-2006), deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR), foi à tribuna da Câmara nesta quarta-feira (13) (veja íntegra do discurso abaixo) para enumerar o que chamou de “a dúzia de provas” da participação do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu (PT-SP), no esquema do mensalão.



A CPI relatada por Serraglio investigou o esquema entre 2005 e 2006 e sugeriu o indiciamento de Dirceu, dentre outros parlamentares.



Serraglio disse estar “farto da alegação de que o mensalão é fantasia”. A gota d’água, segundo ele, foi um artigo assinado pelo produtor de cinema Luiz Carlos Barreto, publicado ontem na *Folha”, sob o “Por qué no lo matan?”, que faz a defesa de Dirceu.



“Certamente me amofina essa cantilena repetida de que o ‘mensalão’ fora uma farsa, como se a investigação não se realizou por parlamentares dos mais diversos matizes político-partidários”, discursou o deputado.



“Ainda agora assistimos José Dirceu concitando os jovens a se manifestarem diante de sua inocência”, discursou o deputado.



O deputado listou os seguintes indícios coletados tanto pela CPI quanto pelo processo do mensalão, que poderá ser levado a julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) no segundo semestre deste ano:



1) à época em que Dirceu era ministro, “nada ocorria sem o beneplácito do super-ministro, como era chamado na imprensa e nos corredores do poder”;



2) Roberto Jefferson, líder do PTB, “confessa que tratou por mais de dez vezes do mensalão com Dirceu”;



3) o publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza “afirmou que ouviu de Delúbio [Soares, ex-tesoureiro nacional do PT e da campanha presidencial de Lula em 2010], que Dirceu deu ‘aval’ aos empréstimos bancários que alimentaram o mensalão;



4) a mulher de Valério “assentou que Dirceu se reuniu com o presidente do Banco Rural no Hotel Ouro Minas para acertar os empréstimos do banco”;



5) Valério “arrumou emprego para a ex-mulher de Dirceu no [banco] BMG em São Paulo”;



6) um sócio do publicitário se “tornou ‘comprador’ do apartamento da ex-mulher de Dirceu em São Paulo”;



7) Valério “afirma que foi quem ajustou a audiência havida entre os diretores do BMG e o ministro Dirceu”;



Segundo Valério, “Silvio Pereira [ex-secretário nacional do PT] lhe disse que José Dirceu sabia dos empréstimos junto aos bancos”;



9) a presidente do Banco Rural “declarou que Valério era um ‘facilitador’ das tratativas com o governo” e “disse mais, que ‘Dirceu foi a única pessoa do governo com quem ela falou” sobre o interesse do Rural relativo à aquisição de parte do Banco Mercantil de Pernambuco;



10) o ex-deputado Jefferson “afirmou que, por orientação de Dirceu, houve encontro no Banco Espírito Santo, em Portugal, à busca de R$ 24 milhões”;



11) o ex-tesoureiro do PTB, “Emerson Palmieri relata que todas as tratativas eram ratificadas, ao final, por Dirceu;



12) a ex-secretária de Valério na agência de publicada em Belo Horizonte (MG), Karina Somaggio, “testemunhou que Valério mantinha contatos diretos com José Dirceu”.

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