quinta-feira, 21 de junho de 2012

Em 2 tempos, Fruet e os aloprados do PT


Fabio Campana


O que estaria pensando agora Gustavo Fruet (PDT/PT/PV) ao ler a notícia sobre a abertura de ação penal para investigar petistas envolvidos no escândalo dos alopadrados. Em junho de 2010, em pronunciamento na Câmara dos Deputados, pensava assim: “Mais uma vez, pessoas ligadas ao governo, ao comando da campanha da candidata oficial do governo, a ex-ministra Dilma Rousseff, cometem mais um ato, que procuram chamar de aloprado, mas que, na verdade, é uma mistura do uso da força e de dados sigilosos para chantagear, intimidar ou produzir dossiês contra adversários. Isso já ocorreu na campanha de 2002. Já houve dossiê contra D. Ruth Cardoso, esposa do ex-Presidente da República”.

Veja no Leia Mais o pronunciamento do então deputado Gustavo Fruet:

Data: 02/06/2010

O senhor Gustavo Fruet (PSDB-PR. como líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há um velho ditado que diz que quando a esperteza é muito grande, ela vira bicho e come o esperto.

Mais uma vez, pessoas ligadas ao Governo, ao comando da campanha da candidata oficial do Governo, a ex-Ministra Dilma Rousseff, cometem mais um ato, que procuram chamar de aloprado, mas que, na verdade, é uma mistura do uso da força e de dados sigilosos para chantagear, intimidar ou produzir dossiês contra adversários. Isso já ocorreu na campanha de 2002. Já houve dossiê contra D. Ruth Cardoso, esposa do ex-Presidente da República.

Novamente, o candidato e ex-Governador de São Paulo José Serra é alvo de mais uma denúncia de uma nova equipe de pessoas ligadas ao comando de campanha que foram denunciadas em várias matérias publicadas no último final de semana, a começar pela revista Veja, como responsáveis pela elaboração de dossiês.

Hoje o Presidente Nacional do PSDB, Sérgio Guerra, cobra explicações diretamente da ex-Ministra Chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Da mesma forma, o ex-Governador de São Paulo responsabiliza diretamente a ex-Ministra Dilma pelo dossiê e diz que o PT tem longa tradição no assunto.

Esse não é um tema distante da população. Para se entender o que isso significa, da mesma forma que é possível elaborar um dossiê contra um candidato à Presidência da República, é possível, com esse tipo de método, quebrar dados sigilosos de pessoas inocentes.

Relembremos o caso do Francenildo Costa, um caseiro que fez denúncias envolvendo pessoas ligadas à República e que, de forma muito ágil, teve os dados bancários da sua conta na Caixa Econômica Federal, num prazo muito curto, sem ordem judicial, revelados à sociedade brasileira. É preciso estar atento a isso. Não pode ser relevado. É muito grave quando se procura diminuir e tratar as pessoas como se fossem alopradas.

Eis a matéria:

“(…) Reportagem publicada hoje pela Folha afirma que o comando da pré-campanha de Dilma vive uma guerra de versões desde o sábado por conta de suspeitas levantadas sobre as atividades de um “grupo de inteligência” que teria sido montado pelo jornalista e consultor Luiz Lanzetta.

Dono da empresa Lanza Comunicação, contratada pelo PT, o jornalista de Minas é responsável pela área de imprensa da campanha de Dilma e teria se desentendido com parte do PT-SP que tem assento na coordenação da pré-campanha petista.

Em reportagem divulgada no fim de semana, a revista Veja informou que Lanzetta manteve contatos com um delegado aposentado da Polícia Federal e outros investigadores para contratar seus serviços – o contrato não chegou a ser fechado.

Lanzetta suspeitava que informações negativas para a pré-campanha vazaram do comando petista, em Brasília, e queria saber a origem.

A iniciativa de Lanzetta, contudo, levantou a suspeita sobre produção de “dossiês” para serem usados contra o tucano José Serra.

Lanzetta atribuiu a origem das suspeitas a setores do PT que estariam interessados em espaço na pré-campanha – supostamente um grupo ligado ao deputado Rui Falcão (SP) e a Valdemir Garreta, ex-secretários de Marta Suplicy na Prefeitura de São Paulo.

Falcão é o coordenador da comunicação da pré-campanha. Garreta tem empresa que, em São Paulo, presta pequenos serviços ao PT.

Lanzetta é amigo de Fernando Pimentel (PT), ex-prefeito de Belo Horizonte e um dos coordenadores nacionais da campanha de Dilma.

Falcão e Garreta” – segundo a matéria – “negaram desentendimentos com Pimentel ou Lanzetta e pretensão por mais espaço. A Folha apurou que Lanzetta disse a interlocutores que foi orientado a se afastar da campanha. Ele viajou para São Paulo, mas o contrato com o PT foi mantido”. (…)

O fato é que novamente há uma denúncia de formação e produção de dossiês contra adversários do Governo. Aquele primeiro caso dos aloprados, que também envolveu a campanha de José Serra, até hoje não foi esclarecido, nem o inquérito da Polícia Federal foi concluído. Isso é uma demonstração de impunidade e de que é possível avançar certos sinais, de que é possível, às vezes, andar no limite da lei ou até cometer atitudes ilegais, porque não há uma resposta rigorosa por parte de quem tem o dever do sigilo, que são os órgãos de governo, e por parte de quem tem o poder de polícia para investigar o porquê desse tipo de prática na hist ria recente do Brasil.

Participamos da CPI das Escutas Telefônicas. Ali se constatou, Sr. Presidente, a fragilidade e a possibilidade de existir dentro do Estado uma estrutura para monitorar pessoas aliadas ou adversárias do Governo. Mostramos que até o gabinete do Chefe de Gabinete da Presidência da República foi alvo de monitoramento telefônico, o que revela o desvirtuamento, em alguns momentos, dessa estrutura de investigação com o processo de arapongagem.

Nos Estados Unidos, isso levou a um pedido de renúncia do Presidente da República, o caso Watergate.

Diante de seguidas práticas como essa, parece que esse tipo de prática vai ganhando ares de normalidade no Brasil. Isso é muito grave e é um sinal de que o Governo precisa ter muito critério e o comando da campanha da candidata oficial precisa se explicar para o Brasil por que, às margens e sob o guarda-chuva de uma campanha presidencial, um grupo se digladia, tendo como alvo os advers rios da campanha presidencial.

É o registro, Presidente.

Obrigado.

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