O ônibus que apanhou seu Expedito Peçanha e mais cerca de 40 pessoas em Capelinha, no Norte de Minas, custou quase R$ 4 mil para rodar um trajeto de aproximadamente 1 mil quilômetros – ida e volta. O Sindicato dos Trabalhadores Rurais da cidade, presidido por ele, vai pagar a conta. Mas o agricultor vai tentar uma ajuda com alguma organização de empregados cujo patrimônio seja maior.
O sindicato pagou o almoço. Vamos também custear parte do ônibus. Tentaremos uma ajuda, por exemplo, com a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)”, contou Expedito, que viajou com cartazes contra o impeachment da presidente. Assim como ele, muita gente exibiu faixas e cartazes.
Havia brancos, negros, pardos e descendentes de índios e de asiáticos. Havia adultos e crianças. Havia gente com pouco estudo e cientistas. Havia homens com sandálias de borracha e homens com terno. E havia mulheres com bolsas elegantes e mulheres que recebem bolsa-família, como dona Neuza, de 42 anos, que mora em Periquito, no Vale do Aço.
Ela saiu de lá, às 9h, e chegou por volta das 16h30 na Praça Afonso Arinos, no Centro, onde os apoiadores de Dilma e Lula se concentraram. “Vim com minhas duas netas. Veio gente de toda a redondeza”, contou a mulher, que ganha a vida como diarista e recebe R$ 387 do programa social.
O almoço, conta ela, foi bom. Dona Helena, de 58, também aprovou a refeição, paga, acredita ela, pela Central Única dos Trabalhadores (CUT). A mulher saiu na noite anterior de Jaíba, no Norte do estado. “Viemos em um ônibus com 50 pessoas. Foram 12 horas de viagem. Comemos já em Belo Horizonte. A CUT pagou”, disse dona Helena, que ganha a vida como lavradora. A forte estiagem que castiga a região prejudicou as últimas três lavouras de feijão e milho que o marido dela plantou. “Não deu pra colher quase nada”.
O rosto dela, marcado pelo forte calor do Norte de Minas, não mostrou desânimo durante a viagem. Para maior conforto, ela embarcou usando chinelos de borracha. Já Roulian, formado em direito e compositor de jingles, foi ao evento com um terno preto impecável.
Ele saiu de Conselheiro Pena, no Vale do Rio Doce, um dia antes. “Tenho o hábito de usar terno. Tenho 32 conjuntos”, calculou o homem, que foi batizado, segundo ele, com o nome de Então Tá. “É sério. Foium descuido de meus pais. Só alguns anos mais tarde que mudaram meu nome, retirando o Então Tá”.
Centenas de apoiadores do governo federal usaram camisas com fotos de Dilma e Lula. E vários outros com a estampa do MST. Estampas com o rosto do guerrilheiro Che Guevara, o médico argentino que viveu boa parte da vida em Cuba, também foram exibidas.
Procurado pela reportagem do EM, a assessoria de imprensa da CUT não confirmou a informação de que a caravana tinha sido custeada pelo sindicato.
Nenhum comentário:
Postar um comentário