segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Quem é quem em Curitiba, por Carlos Brickmann

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Carlos Brickmann
José Carlos Bumlai é um homem rico, mas não é por isso que ficou famoso. É um produtor agrícola de sucesso, mas não é por isso que ficou famoso. Foi preso pela Operação Passe Livre, parte da Lava Jato, mas não é por isso que ficou famoso – aliás, foi preso por ter ficado famoso, e o próprio nome Passe Livre se refere a ele. Bumlai ficou famoso, embora diga que se encontrou poucas vezes com o presidente Lula, embora o próprio Lula diga que não lembra de ligação especial com ele, por ter passe livre no Palácio do Planalto, com acesso direto ao presidente.

A seguinte plaqueta estava afixada na portaria do Planalto, durante o mandato de Lula – por favor, que ninguém perca tempo a desmenti-la, pois foi amplamente fotografada em várias ocasiões: “O sr. José Carlos Bumlai deverá ter prioridade de atendimento na portaria Principal do Palácio do Planalto, devendo ser encaminhado ao local de destino, após prévio contato telefônico, em qualquer tempo e qualquer circunstância”. Bumlai, digamos, merecia o privilégio.
Na campanha que levou Lula à Presidência, Bumlai foi um dos ruralistas que o avalizaram, um dos primeiros empresários a declará-lo confiável. Lula descansou numa de suas fazendas, pescando, fazendo churrasco, sentindo-se em casa. Bumlai apresentou a auxiliares de Lula empresários que poderiam ajudá-los a cobrir despesas de campanha – e o que se investiga na Operação Passe Livre é o tipo de retorno que esses abnegados doadores obtiveram por sua generosidade.
Ou, falando claro, o que se investiga é Lula. Bumlai é o nome do acesso a ele.

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