quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O transplante, a fila e uma briga trabalhista

Do blog Lado B:


O Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) é um centro de excelência em transplantes de medula óssea (TMO) e o único na rede pública capaz de realizar esse procedimento entre não aparentados no estado. Mas essa referência pode ser colocada em xeque por conta de uma briga interna entre profissionais de enfermagem concursados e aqueles contratados por teste seletivo há dois anos e meio. A denúncia é feita pela dona de casa Francisca Leite Silva, mãe da paciente Suelen Cristina Leite, de 21 anos. Suelen foi diagnosticada em abril de 2010 com Leucemia Linfócita Aguda (LLA) e precisa urgentemente de um transplante. Durante esse tempo de tratamento perdeu dois doadores compatíveis e conta agora com a solidariedade de um terceiro, encontrado praticamente “por milagre”. Milagre é o termo apropriado porque encontrar um doador de medula entre um não aparentado – 100% compatível – é uma probabilidade estatística em um para cada cem mil casos.
Mas hoje, quando deveria dar entrada no HC, encaminhada pelo Hospital Nossa Senhora das Graças e depois de estar preparada com cateter para o pré-transplante, a paciente recebeu a notícia de que o procedimento marcado para o próximo dia 27 (quinta-feira) – para o qual ela teria de ser internada na sexta-feira, dia 21 – foi cancelado por falta de leito no hospital. Na verdade, se trata de falta de profissionais de enfermagem para atender os pacientes da internação à alta. A cena que se vê, hoje, no 15º andar do HC, onde funciona a ala de TMO, é das atendentes ao lado de uma montanha de pastas de prontuário, ligando para as famílias na fila dos transplantes para desmarcar o procedimento agendado. Quando se questiona a Ouvidoria do HC, eles remetem as perguntas por sua vez à direção do Hospital, mas não admitem que o pano de fundo dos adiamentos é a gestão de pessoal. A própria CPI dos leitos do SUS da Assembleia Legislativa do Paraná, que apresentou seu relatório ontem, levantou que o problema do sistema não é de falta de recursos ou de leitos, mas de gerenciamento dos hospitais.

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