domingo, 10 de abril de 2011

Relatório culpa Eletrobras por apagão no NE

Segundo o controlador do sistema elétrico, linha com anomalia foi liberada pela Chesf, empresa que pertence ao grupo. 46 milhões de pessoas ficaram sem luz no Nordeste

Agência Estado

O blecaute que deixou 46 milhões de pessoas sem luz em oito estados do Nordeste, no início de fevereiro, foi provocado por erros cometidos pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), empresa que pertence ao grupo Eletrobras, segundo conclusão do órgão responsável pela operação do sistema elétrico brasileiro. “O colapso total que ocorreu na área ilhada da Região Nordeste foi iniciado pelo desligamento automático indevido de cinco unidades geradoras da usina de Xingó e de três unidades da usina de Paulo Afonso 4”, afirma o Operador Nacional do Sistema (ONS) no relatório sobre as causas do blecaute.
No documento, o ONS faz diversas críticas à atuação da Chesf. A companhia rebateu os questionamentos em relatório anexado ao material. Todos os documentos foram enviados para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que determinará as possíveis penalidades a serem aplicadas – em novembro de 2009, um apagão que atingiu 18 estados resultou uma multa de R$ 43,398 milhões para Furnas.
Em trechos do relatório, o ONS considera que a Chesf cometeu um erro ao liberar o uso de uma linha de transmissão de energia ligando as subestações de Luiz Gonzaga (PE), onde o problema teve início, e Sobradinho (BA). No entender do ONS, a liberação dessa linha sem a identificação das “anomalias” ocorridas nos sistemas de proteção deve ser considerada como uma “transgressão dos procedimentos de segurança recomendados para esta situação”.
A Chesf argumenta que a liberação da linha foi feita depois que o sistema que deu pane em Luiz Gonzaga foi isolado. Segundo a empresa, a ação adotada seguiu “procedimento padrão” para situações desse tipo. “A disponibilização da linha foi correta visto que não existiam quaisquer indicações que caracterizassem impedimento da linha”, defendeu a companhia. Para a direção da Chesf, não haveria como identificar, “em tempo real”, a existência de anomalias no sistema de proteção. “Apenas uma equipe de manutenção poderia de­­tectar a anormalidade. No nível operacional, a sinalização existente exigia apenas o impedimento do disjuntor, o que foi efe­­tiva e corretamente realizado.” No entender do ONS, a liberação da linha só poderia ter sido feita depois de uma investigação por parte da empresa.
O apagão começou por volta de 0h30 de 4 de fevereiro. A conclusão do ONS sobre o apagão do Nordeste está em linha com o que já vinha sendo defendido dentro do governo e deve acelerar o processo de troca na direção da Chesf, atualmente presidida por Dilton da Conti Oliveira, indicado pelo PSB.

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