segunda-feira, 16 de julho de 2012

“Relações com o PSDB acabaram”

Antônio More/ Gazeta do Povo





Gazeta do Povo

Rogerio Waldrigues Galindo

 João Claudio Derosso está pela primeira vez sem mandato depois de 24 anos. No dia 7 deste mês, perdeu a cadeira na Câmara de Curitiba para Maria Goretti (PSDB). A nova vereadora alegou à Justiça Eleitoral que Derosso tinha ferido a fidelidade partidária ao se desfiliar do PSDB. A saída da Câmara se tornou o ponto final em uma série de derrotas de Derosso desde o ano passado: após ser acusado de irregularidades na gestão de contratos de publicidade, o ex-presidente da Câmara perdeu o comando do Legislativo, teve de sair do partido para evitar a expulsão e acabou perdendo a chance de se reeleger – não havia mais tempo hábil para se filiar a outra legenda. Na semana passada, Derosso aceitou falar à Gazeta do Povo sobre a sua situação e sobre a Câmara. Veja os principais trechos da entrevista:

Na atual legislatura houve muitas denúncias contra vereadores, mas nenhum foi punido pela Câmara. O senhor acredita que isso se deve a um corporativismo?
Não. A Gazeta do Povo me denunciou e até agora não foi provado nada. Eu sou o único que está sendo crucificado por suposição. Na CPI da Câmara tivemos brigas homéricas. Não existe corporativismo. Muitos que atiraram pedras estão hoje pior do que eu, com dinheiro de funcionário e tudo. Usaram a tática de que a melhor defesa é o ataque e me atacaram para se defender.

Como o senhor vê essas denúncias de verba de publicidade ficando com empresas de funcionários de vereadores?
Nem eu sabia que eles tinham funcionário, tinham empresa. Esse era um contrato da Visão [empresa contratada para prestar serviços de publicidade para a Câmara]. Fiquei surpreso.

O senhor acha que os vereadores sabiam?
Não posso dizer porque não falei mais com eles.


O senhor está isolado dos outros vereadores?
Eu estou a fim de ficar mais na minha. Ver como vão ficar as coisas. Me defender de uma maneira correta tecnicamente e mostrar que, infelizmente, a mídia tirou o melhor vereador de circulação.

A sua irmã, Mary Derosso, é candidata a vereadora em Curitiba pelo PSDB. O senhor vai fazer campanha?
Vou fazer campanha para ela.

Por que o senhor acha que ela merece ser eleita?
É uma pessoa que tem todas as qualidades técnicas e políticas para ser uma excelente vereadora. É funcionária da Câmara, concursada, conheço o trabalho dela em outras atividades, com redes sociais, na questão ecológica, na questão ambiental.

As denúncias envolvendo o sobrenome Derosso prejudicam a candidatura? Ela tem chances de ser eleita?
Vocês da Gazeta conseguiram queimar o nome Derosso. Mas eu acredito que o trabalho que nós temos e o conceito que temos na cidade de Curitiba vai superar tudo isso. Vamos trabalhar para isso.

O senhor deve ter ficado sentido com o PSDB. Como está a situação hoje?
As relações acabaram.

Mas o senhor está magoado com as pessoas ou com o partido?
É difícil você separar um do outro.

O senhor foi ou não chamado para ser vice na chapa de Luciano Ducci?
Nunca fui. Isso os jornalistas que inventaram.
Mas o senhor disse em um depoimento na Câmara que foi pelo fato de o senhor estar cotado para ser vice que vieram as denúncias...
Pelo fato de estar sendo cogitado. Eu jantei três vezes com o Gustavo [Fruet, na época no PSDB] e disse: “Seja vice do Luciano. Você é o nosso candidato a vice”. Sempre defendi o Gustavo como vice do Luciano. Me coloquei como soldado do partido.

O senhor pretende no futuro voltar a ser vereador?
Não. Estou com 55 anos. Meu filho mais velho tem 24, o menor tem 22 e vou te falar a verdade: não vi eles crescerem porque me dediquei a política.

E campanha, só para a sua irmã?
Só para minha irmã.


O senhor diria que ela representa uma continuidade do seu mandato?
São cabeças diferentes. Você pode ter um irmão gêmeo e a cabeça é diferente.

E o que o senhor pretende fazer a partir de agora?
Trabalhar, tentar sobreviver. Tenho várias propostas de trabalho em algumas empresas. Vamos ver. Deixa eu ficar parado um pouco e ver como que anda a carruagem.


O senhor tem mágoa do atual presidente da Câmara [João Luiz Cordeiro, o João do Suco]?
Não posso ter mágoa dos vereadores uma vez que eles não são independentes. O João foi eleito [para a presidência] pelo PSDB. Então, não tenho mágoa dele, nem do Sabino [Picolo, vice-presidente da Câmara], de ninguém. Eu sou católico praticante.

O senhor diz que se considera injustiçado. A saída do partido seria a pior injustiça?
A maior injustiça foi a da imprensa, de uma forma radical, raivosa, batendo sistematicamente, raivosamente. Como diria o Lula, nunca a imprensa desse país usou toda a sua tinta para bater numa pessoa boa.

O senhor acabou evitando a expulsão do PSDB ao se antecipar e se desfiliar. Houve algum acordo naquele momento?
Não teve acordo, não teve nada. [A carta de desfiliação] Foi feita de próprio punho porque tentei até o último minuto que fosse resolvido. Tentei evitar que tivesse uma reunião marcada para expulsão sumária. Tanto é que, se eu tivesse ouvido meus advogados, teria feito uma carta diferenciada, dizendo os motivos. Eu fiz ali de próprio punho porque até os 44 minutos e meio do segundo tempo eu queria me defender apenas. E não tive essa oportunidade.


Por isso o senhor está bravo com o Valdir Rossoni [presidente do PSDB]?
Claro.

O senhor prevê revanches ou vinganças?
Eu sou católico apostólico romano praticante. E tenho um negócio importante: amnésia noturna. A raiva de hoje à noite desaparece.

Como está a sua relação com os seus eleitores?
Muita gente liga, escreve dizendo que foi uma sacanagem da imprensa.

O senhor continua afirmando que foi injustiçado. Não houve nenhum erro de sua parte?
Não houve. Por isso que vou ganhar na Justiça e vou ser indenizado.

O senhor já entrou com algum processo?
Estamos entrando.



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