Reportagem publicada na edição da Época neste fim de semana revela que documentos do Tribunal de Contas da União (TCU), obtidos com exclusividade pela revista, sinalizam a existência de irregularidades na execução de obras pela empresa Odebrecht, na Venezuela. Intitulada “Relatório do TCU aponta irregularidades em obras da Odebrecht na Venezuela”, a matéria trata de um encontro que teria ocorrido em 2009, entre o então presidente venezuelano, Hugo Chávez, e Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a reportagem, “o BNDES desembolsaria US$ 747 milhões para financiar a construção de linhas do metrô de Caracas. Combinou-se que a obra seria tocada pela construtora baiana Odebrecht. Seis anos depois (e dois anos após a morte de Chávez), surgem indícios de irregularidades na operação, escondidas na quase impenetrável opacidade dos financiamentos do BNDES no exterior.”
A estreita relação do governo brasileiro, na gestão do PT, com o governo venezuelano, do falecido Hugo Chávez e de seu sucessor, Nicolás Maduro, não é novidade. Em fevereiro do ano passado, a imprensa noticiou que a Petrobras abriu mão de penalidades que exigiriam da Venezuela o pagamento de uma dívida feita pelo Brasil para o projeto e o começo das obras na refinaria Abreu Lima, em Pernambuco. O acordo, firmado entre os ex-presidentes Lula e Hugo Chávez, deixou o Brasil com a missão de garantir, sozinho, investimentos de quase US$ 20 bilhões.
A notícia gerou protestos na oposição. O senador Alvaro Dias ocupou a tribuna por diversas vezes para listar os empréstimos das gestões do PT via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) para países como Venezuela e Cuba.Para ele, a instituição deveria se preocupar em gerar empregos, renda, receita pública e alavancar o desenvolvimento econômico com justiça social no nosso país.
“Diante da perspectiva inevitável de haver novamente um apagão logístico no escoamento de nossa safra recorde, do apagão de infraestrutura no nosso país, do apagão de energia, não há como admitir que o governo brasileiro priorize investimentos na Venezuela”, reagiu o senador, que acrescentou: “Afinal, o BNDES foi instituído exatamente para obras de infraestrutura para a promoção do desenvolvimento econômico e social do nosso país, não de outros países no exterior”.
Ao mencionar em seus discursos os empréstimos do BNDES para a Venezuela, o senador citou: o metrô de Caracas – Linhas 3 e 4 – um dos últimos empréstimos foi no valor de US$ 732 milhões, concedido para ampliação do metrô; a Hidrelétrica de La Vueltosa, a segunda ponte sobre o rio Orinoco, há 20 quilômetros de Ciudad Guayana, máquinas agrícolas e colheitadeiras e mais US$ 4,3 bilhões negociados para projetos de infraestrutura e de indústrias de base do país.
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