Beaune, França - O ex-Ministro Antonio Palocci, que comandou a economia no governo de Lula, já foi três vezes banido da vida pública por improbidade administrativa. Dos petistas envolvidos em falcatruas, Palocci é o que mais faz pose de honesto. Pose, apenas. Esconde-se sob a fachada de bom moço e de profissional competente, herança da bajulação da mídia à época em que foi ministro da economia. O tempo mostrou que Palocci não passa de mais um petista que chafurda na lama da corrupção.
Agora, por exemplo, foi denunciado pela revista Época como responsável pela arrecadação de 12 milhões de reais para a campanha da Dilma em 2010. Indignado, escreveu uma carta aos amigos e correligionários para tentar desmentir a revista de que teria arrecadado essa dinheirama de empresas a quem ele presta serviço e que teriam sido beneficiadas depois pelo governo como a JBS, Pão de Açúcar e CAOA. Tentou desmentir os fatos mas não conseguiu esclarecer nada. Falou em “legítimas relações comerciais” com esses clientes, quando se sabe que Zé Dirceu também prestou esse tipo de consultoria às empreiteiras cujos proprietários já declararam que o dinheiro pago foi fruto do roubo da Petrobrás.
Essa não é a primeira vez que Palocci tenta se safar de acusações escrevendo carta. Ele acha que o simples fato de se dirigir à população por missivas o isenta das tramoias em que se envolve. Quando foi acusado de ter aumentado em 20 vezes seu patrimônio entre os anos de 2006 e 2010 durante o governo Lula, o ex-ministro também usou o mesmo expediente e mais uma vez a mídia submissa curvou-se diante da explicação vazia e mentirosa dele.
Nessa última carta, o ex-ministro procura esclarecer com argumentos vazios e levianos a sua relação com a CAOA. Diz ter “prestado “serviço técnico de avaliar, esboçar plano de execução de associação com montadoras de automóveis, estudar tendências do mercado mundial do setor, oportunidades e estratégias de novos negócios”. É incrível como esses petistas viraram gênios de uma hora para outra. O Zé Dirceu e outros comparsas também justificam como de consultoria as transferências milionárias para suas contas o dinheiro roubado da Petrobrás pelo diretor Renato Duque, seu protegido lá dentro.
O método é o mesmo: eles escrevem algumas bobagens para justificar a bolada que entra nas suas contas. Paga-se o imposto sobre as notas frias emitidas e assim tentam legalizar o dinheiro da propina. Palocci antes de chegar ao Ministério da Fazenda foi prefeito de Ribeirão Preto, cidade paulista. A sua gestão à frente do município foi permeada por escândalos, acusado de receber à época um mensalinho de 50 mil reais da máfia do lixo. Safou-se dos processos quando virou ministro e o homem importante do governo Lula.
A cara de pau de Palocci é a mesma dos seus companheiros petistas. Na carta, ele se resguarda de revelar detalhes dos seus negócios de consultorias alegando sigilo comercial. Pede desculpas à população por não dar mais detalhes sobre os contratos alegando a existência de cláusulas de confidencialidade, mesmo argumento que usou em 2011, quando da revelação da movimentação financeira da Projeto, sua empresa, que o levou a ser demitido da chefia da Casa Civil.
A empresa do superPalocci age em todas as áreas. Ela é capaz de orientar ao mesmo tempo o mercado de automóveis e até o de boi. Para a JBS, a Projeto realizou “estudo de avaliação da oportunidade” para a compra da Pilgrim, maior empresa de carne processada dos EUA, “muito tempo antes” do empréstimo bilionário do BNDES à empresa. Esse pagamento à sua consultoria milionária é alvo de processo na Justiça Federal do DF.
Como é um dos raros escudeiros de Lula ainda solto, Palocci acha que as cartas que escreve servem de salvo conduto às suas trapaças. E revela o truque para ganhar dinheiro na maior cara de pau. Diz que a passagem por cargos importantes no governo, como o de ministro da fazenda e do Banco Central, proporciona uma grande valorização no mercado para quem os assume”. Ou seja: vende-se a preço de banana segredos de estado, principalmente aqueles que orientam a economia do país.
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