quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O discurso ficou mudo!

Sou filha e irmã de político. Minha família reside no bairro do Xaxim há mais de 120 anos e sempre esteve presente no mundo político de nossa cidade. Meu pai, João Derosso foi vereador por 27 anos e meu irmão, João Claudio Derosso é vereador desde 1989 até hoje. Sou do tempo de política do fio do bigode, da política da amizade e da palavra. Política esta nas minhas veias.


Todos os dias, desde que ele foi para o Planalto Central, após tomar o meu café da manha, eu corria para a internet para ler sobre seus pronunciamentos. Adorava, vibrava cada vez que ele dizia e falava sobre assuntos que estavam engasgados na minha e na garganta de milhões de brasileiros e é claro de paranaenses. Quando ele alçou voo e saiu candidato ao governo do Paraná, em 2006, mesmo com problemas de saúde e enfrentou com bravura, todas as artimanhas armadas pela oposição e principalmente pelo seu adversário e candidato a reeleição, o governador Roberto Requião, fui às ruas pedir por sua eleição. Tentaram de todos as maneiras jogar lama em seu nome e reputação. Tá certo, ele não ganhou a eleição, mas saiu de cabeça erguida, com a certeza de que tinha lutado com dignidade.

Voltou para o Planalto Central e de lá continuou a falar na tribuna, o que o povo gostaria de dizer, coisas como:

- “Muitas famílias paranaenses ainda não têm sua própria casa, convivem com a criminalidade crescente e enfrentam a invasão das drogas nos seus lares. Para muitos jovens faltam perspectivas de futuro e, infelizmente, resta a marginalidade e a exclusão social”;



- “Não tenho dúvida alguma de que esses programas (Bolsa Família e Leite das Crianças) incentivam a miséria, a pobreza e o ócio. Muitas famílias não querem ter registro em carteira de trabalho para terem direito ao Bolsa-Família, pois recebem R$ 120,00 por mês e R$ 18,00 por filho”;

- Se também formos ver o crescimento demográfico da população carente, vamos verificar seu crescimento com o Bolsa-Família. Incentiva? Claro que incentiva. É um tabu falar sobre isso? É chato falar sobre isso? Mas alguém precisa ter a coragem de falar!”.



- Programas assistencialistas como esse incentivam a miséria e mandam muitas crianças para os sinais de trânsito, mandam muitas crianças para as ruas, porque são as mesmas crianças, filhos dos beneficiários do Bolsa- Família, que estão nas ruas, em vez de estarem na escola”. Esses programas criam a paternidade irresponsável;

- “Lula pensa que o arroz, o leite e o feijão nascem dentro de um supermercado e que não precisa alguém estar plantando lá atrás. Com esse equívoco de visão que o Presidente comete, estamos matando a economia rural do País”;

- “O valor de compra da agricultura foi desmontado, e o Governo está desmontando o agronegócio brasileiro”. “Mas eu acredito que não há um agricultor sequer neste País – micro, pequeno, médio, grande ou familiar – que vote neste Governo, porque ele destruiu a agricultura, destruiu aquilo que, a duras penas, foi construído e conquistado ao longo dos anos, quando se apresentou à sociedade brasileira o respeito da própria sociedade urbana com os agricultores”.

Em relação ao MST discursava o seguinte:

- “As figuras arrogantes e até hipócritas dos Srs. Stédile, Gilmar Mauro e outros líderes que, hoje, são os verdadeiros estimuladores dos conflitos”

- “Anteontem, o mapa do Paraná foi manchado de sangue. O assassinato, em Tamarana, de um encarregado de uma fazenda invadida pelos sem terra…”

- “Se déssemos ao José Rainha trinta hectares de terra, quantidade dada às famílias assentadas, ele conseguiria sobreviver? Penso que não, porque demonstra total desconhecimento do que é um processo produtivo ao pregar a desapropriação como se ela fosse a salvação do Brasil”

- “De um lado, essa intransigência, a intolerância de algumas lideranças que promovem invasões em propriedades produtivas, que saqueiam propriedades produtivas, que tiram das suas máquinas os trabalhadores de fazendas produtivas, que assaltam as sedes das fazendas produtivas, expulsam os proprietários dessas fazendas e promovem um verdadeiro assalto nas mesmas…



Muitas vezes comparou em discurso a política agrícola do governo Lula, ao bicudo do algodão, praga tão nefasta para os produtores rurais.

Ontem adversário, hoje aliado, mas acho que precisa haver coerência, bom senso, lucidez e deixar de lado as aspirações pessoais.

Os discursos inflamados, que cobravam do governo decência, coerência e comprometimento com a população foram substituídos por elogios, para todas as ações do governo federal e estadual, esquecendo-se das injúrias e difamações que sofreu por meio do ex-governador Roberto Requião.

O MST passou a ser visto com compreensão e conclamados a participarem de encontros e conversas em busca de resultados que satisfação, principalmente o movimento. É amigo ouvinte, sinto saudades deste grande legislador paranaense, que hoje, graças a aliança de Osmar Dias com o PT e o PMDB, ficou mudo.

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