terça-feira, 5 de abril de 2016

Mais pobre, pessimista e vulnerável: o brasileiro hoje


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Pesquisa da consultoria Ponte Estratégia mostra que 82% dos brasileiros são pessimistas com a situação econômica e 68% não apostam em melhora futura
Por Luís Lima e Teo Cury
As incertezas com o cenário político e econômico do país têm minado as esperanças dos brasileiros tanto em relação ao presente quanto ao futuro. Essa é uma das principais conclusões que saltam de uma pesquisa realizada em todo o país pela consultoria A Ponte Estratégia, à qual o site de VEJA teve acesso. O levantamento, realizado com 915 pessoas de todas as classes sociais, mostra que 82% dos entrevistados são pessimistas com a situação atual e que 68% não acreditam que haverá melhora nos próximos dois anos.


Com menos renda e medo de perder o emprego, mais da metade dos consultados admitem, por exemplo, ter barateado o plano de celular e cortado gastos com alimentação fora de casa. Além disso, 88% dos entrevistados declaram se sentir vulneráveis. “Os brasileiros reclamam que sentem na pele os efeitos da deterioração econômica, com mais desemprego e menor poder de compra”, diz André Torretta, coordenador da pesquisa. O levantamento foi feito entre os dias 10 e 15 de fevereiro com moradores de 250 cidades, distribuídas nas cinco regiões do país.


A deterioração do mercado de trabalho é uma das preocupações apontadas no levantamento, com 68% dos entrevistados admitindo ter receio de perder o emprego. “Eu me sinto vulnerável porque não sei se continuo a trabalhar. Eu sei que a demissão vem, estou só esperando ela aparecer”, disse ao site de VEJA Carlos Taveiros, de 56 anos, que trabalha em um banco de investimentos.


A situação da estudante de direito Giuliana Rodrigues, de 20 anos, é mais crítica. Ela está sem emprego há um mês, quando foi demitida do escritório em que trabalhava como estagiária. “Fui mandada embora porque a empresa estava cortando custos, então começaram da base”, conta a futura advogada.



Para os próximos dois anos, 73% dos entrevistados esperam um aumento do desemprego. O índice médio de desocupação ficou em 8,5% no ano passado, segundo dados da Pnad Contínua, do Insituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A percepção de piora declarada pelos entrevistados é ancaroda nas estimativas de analistas. José Pastore, professor da Faculdade de Economia da USP (FEA/USP), um dos maiores especialistas da área no país, prevê um aumento da taxa de desocupação para até 11% este ano e 13% no que vem, puxado pela queda do investimento.

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