Do Ricardo Noblat
Queixa-se Lula do que chama de parcialidade da imprensa por noticiar que a empreiteira Camargo Corrêa, envolvida com a roubalheira na Petrobras, doou R$ 3 milhões ao Instituto Lula e pagou ao próprio Lula R$ 1,5 milhão por três palestras.
Onde está a parcialidade? Na mesma ocasião em que publicou a informação fornecida por delegados da Polícia Federal ou procuradores do Ministério Público, a imprensa publicou também explicações fornecidas por assessores de Lula.
Mais do que isso: o jornal “O Estado de S. Paulo”, o primeiro a publicar a notícia, registrou que a empreiteira repassou também R$ 183 milhões em “doações de cunho político” para candidaturas e partidos da situação e da oposição. O que mais quer Lula?
Se o desejo dele é apagar as suspeitas de que possa ser conivente com as malfeitorias das empreiteiras por ser remunerado por elas e viver viajando às custas delas, por que Lula não abre a caixa preta de suas relações com essa gente?
Por que não divulga quantas palestras fez desde que deixou a presidência da República, quanto recebeu por cada uma, quem pagou, etc e tal? Sem essa de que não deve satisfações ao distinto público pelo que faça ou deixe de fazer.
Lula é uma figura pública. Governou este país por oito anos. A maioria dos contatos que estabeleceu lá fora foi no exercício da presidência. É natural que se queixa saber se ele tirou proveito disso para enriquecer ou não. E se atravessou algum sinal fechado.
De resto, depois da presidente Dilma Rousseff, ninguém influencia mais o atual governo do que Lula, que elegeu Dilma, reelegeu, indicou ministros para o governo, e supervisiona de perto tudo o que o governo faz, interferindo sempre que acha necessário.
Uma vez, Lula chamou Sarney de “homem incomum” que merecia um tratamento especial. “Homem incomum” é Lula. Nem por isso merece um tratamento especial. Nenhum servidor ou ex-servidor público merece.
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