terça-feira, 2 de junho de 2015

AJUSTE FISCAL SUSPENDE ANÁLISE DE BOLSA PARA DOUTORADO

Diário do Poder

JUIZ MANDA LIBERAR DINHEIRO, MAS CAPES DISSE QUE VAI RECORRER

JUIZ MANDA LIBERAR DINHEIRO, MAS CAPES DISSE QUE VAI RECORRER
A Justiça Federal do Distrito Federal determinou que a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) emita imediatamente a carta de concessão e libere os valores relativos à bolsa do Programa de Doutorado-Sanduíche no Exterior (PDSE) para um aluno de Araranguá, em Santa Catarina.
Desde o início de abril, por conta do ajuste fiscal do governo federal, o órgão suspendeu a análise de concessão de bolsas para o programa, que permite ao aluno de pós-graduação fazer parte de sua pesquisa em uma universidade estrangeira. A Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) estima que ao menos 50 alunos tenham perdido prazos de suas viagens ao exterior por causa da suspensão.
A Capes informou que foi notificada na quarta-feira da semana passada, 27, e que recorrerá da decisão liminar.
Com medo de perder a viagem para concluir sua pesquisa na Inglaterra, Vanderlei Freitas Junior, doutorando em Engenharia do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), entrou com um mandado de segurança contra a Capes. "Eu preenchi todos os requisitos exigidos no edital, fui o primeiro colocado e corria o risco de não conseguir a bolsa", disse.
Na decisão, publicada na segunda-feira da semana passada, 25, o juiz Bruno Anderson Santos da Silva, da 3ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal, disse que o direito de Freitas Junior "se aperfeiçoou" pelo fato de ele ter sido aprovado em primeiro lugar no edital. "(A jurisprudência) é tranquila quanto ao direito ao recebimento da bolsa se implementado todos os requisitos previstos no edital de seleção."
A decisão, em caráter liminar, determina que, assim que for notificada, a Capes emita imediatamente a carta de concessão da bolsa e libere os valores referentes ao PDSE. Freitas Junior precisa estar na Inglaterra até 15 de junho e disse que não consegue adiar o início do programa, que tem duração de seis meses.
"Se não fosse por essa decisão liminar, muitas coisas poderiam estar perdidas. A universidade não trocaria a data do início do meu programa porque já fez os ajustes para me receber. Minha mulher pediu afastamento do trabalho dela e minha filha de 8 anos vai estudar à distância nesse período", disse o doutorando.
O aluno disse acreditar que a decisão favorável pode abrir precedente para que outros doutorandos, que não conseguiram a análise de seus pedidos de bolsa, também tentem a concessão por meios jurídicos.
Questionada, a Capes não informou se tem previsão para retornar a análise das bolsas. Também não informou se o ajuste fiscal, que contingenciou R$ 9,423 bilhões da Educação, implicará em cortes ou redução do PDSE ou outro de seus programas. Na terça-feira passada, 26, o Ministério da Educação (MEC) anunciou o corte de vagas dos programas Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e Ciência sem Fronteiras. (AE)

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