Carlos Alberto Pessôa para a Revista Ideias
Não sei qual será a sua reação diante deste título da “Folha” de hoje; a minha, mistura vergonha, tédio, riso. Definitivamente, não podemos fazer piadas de português*… Ao invés de mandar a verba, sem a qual o verbo é vão, o Congresso sonha com o verbo na vã esperança que se materialize em verba. E faça-se a luz. Que país! Que Congresso! Como chegamos até aqui?
Todos os anos, invariavelmente, fatalmente, tão certo quanto o movimento das marés, no nosso tórrido verão centenas de brasileiros são soterrados, vítimas da própria burrice, da própria ignorância, da incompreensível ausência de memória e da leviandade dos poderes públicos, tão potentes quanto o personagem do Mastroianni, o belo Antônio. (Temo que a anunciada tragédia venha a se transformar em atração turística em cidades como Rio de Janeiro, tipo horror show ao vivo).
Mas convém não se deprimir; no ano que vem teremos mais. E nos mesmos lugares. Faz parte do calendário. Como o carnaval, a semana santa, a semana da pátria, as festas de fim de ano. Bem Brasil!
* Quando esteve no Brasil o grande comediante luso, Raul Solnado, Jô Soares perguntou se faziam muitas piadas de brasileiro em Portugal; a resposta vale por todas as milhões de piadas que fizemos contra eles:
- E precisa
Foto de Alexandre Ventura
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