Fábio Camargo, do PTB, acusa jornal paranaense de receber verba ilegalmente; foram R$ 3 milhões da Câmara Municipal
Luis Lomba, do jornal A Gralha, especial para o Paraná 247
Um dia depois de denunciar gastos irregulares de
ex-vereadores de Curitiba que teriam se beneficiado de verbas públicas
para promoção pessoal, o maior jornal do Paraná, a Gazeta do Povo,
recebeu o troco na sessão da Assembleia Legislativa do Paraná na tarde
desta segunda-feira. O deputado estadual Fábio Camargo (PTB) bateu duro
no jornal e o acusou de receber R$ 3 milhões de maneira ilegal da Câmara
Municipal. Segundo o deputado, a munição veio do mesmo documento usado
pelo jornal para apontar as irregularidades cometidas pelos vereadores –
um relatório preliminar do Tribunal de Contas do Paraná.
A matéria publicada no domingo pela Gazeta do Povo mostra
gastos irregulares com propaganda de R$ 33,9 milhões feitos pela Câmara
Municipal de Curitiba em cinco anos – de 2006 a 2011. A reportagem
revela que 14 ex-vereadores se beneficiaram com essas despesas,
inclusive Fábio Camargo, que teria gasto R$ 341 mil com programas de
rádio e colunas de jornal que divulgaram suas atividades parlamentares.
“O mesmo relatório do Tribunal de Contas mostra que a Gazeta do Povo tem
que devolver R$ 3 milhões aos cofres públicos. Que hipocrisia da Gazeta
do Povo...”, afirmou o deputado da tribuna da Assembleia Legislativa.
O deputado Fábio Camargo é filho do presidente do Tribunal
de Justiça do Paraná, desembargador Clayton Camargo, o que esquenta
ainda mais a briga entre poderosos no Paraná. “A Gazeta do Povo recebia
mensalmente, de maneira contínua, independentemente da comprovação dos
serviços prestados”, discursou Fábio Camargo. Segundo ele, os gastos que
ele fez com publicidade, apontados na reportagem da Gazeta de domingo,
tiveram nota fiscal e comprovação da prestação do serviço.
Fábio Camargo afirmou também que vai protocolar na
Assembleia pedido para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para
apurar as denúncias que fez no plenário. “Temos aqui um fato específico
para abrir essa caixa preta”, disse. “Com a CPI poderemos trazer à tona
toda a verdade sobre a Gazeta do Povo, se recebeu por fora ou não, se
emitiu nota ou não, se tiveram funcionários seus pagos com dinheiro
público”, completou.
Ainda pela manhã, em nota oficial e não se referindo
diretamente ao deputado, a direção da Gazeta do Povo defendeu-se
alegando não ter cometido nenhuma irregularidade, além de afirmar que o
espaço destinado a divulgação das atividades da Câmara de Vereadores
tinha toda a identificação de que era publicitário, sem qualquer vínculo
com a linha editorial.
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