Em pronunciamento na sessão plenária desta terça-feira (30), o senador
Alvaro Dias afirmou que as irregularidades que hoje se tornam cada vez mais
claras sobre os contratos de empréstimos do BNDES tiveram origem em um decreto
do ex-presidente Lula. Segundo o senador, com a edição do decreto nº 6.322, de
21 de dezembro de 2007, Lula modificou o Estatuto do BNDES, para permitir ao
banco financiar a aquisição de ativos por empresas de capital nacional no
exterior. Para o senador, graças a essa sutil alteração promovida por Lula,
hoje o País toma ciência das consequências dessa alteração.
“Após essa mudança no Estatuto Social do BNDES, o Governo Lula
aprofundou o processo de endividamento da União para direcionar mais dinheiro
ao BNDES. Vamos repetir números que incansavelmente eu já repeti aqui diversas
vezes: foram R$ 716 bilhões de 2008 a 2014, durante seis anos portanto.
Empréstimos da União ao BNDES, R$ 716 bilhões; do FAT, PIS/Pasep e FGTS, R$243
bilhões; e o restante do Tesouro Nacional. Do Tesouro Nacional, foram
repassados, portanto, ao BNDES R$ 473 bilhões, um absurdo inédito, jamais visto
na história deste País. Cabe observar que o Tesouro Nacional não tinha esse
dinheiro para repassar ao BNDES. Todos nós sabemos do aperto das contas
públicas nos últimos anos, portanto esse dinheiro não estava disponível no
caixa do Tesouro Nacional”, afirmou o senador.
Segundo explicou Alvaro Dias, o governo federal pagava o juro de 14,25%,
mas emprestava via BNDES com uma taxa de 5% a 6%. E quem cobria essa diferença,
explicou o senador, era o contribuinte, que subsidiou essas taxas de juros
privilegiadas, praticadas pelo governo brasileiro através do BNDES, com os
chamados “campeões nacionais”, e, mais do que isso, com os países amigos de
quem governava o Brasil: Cuba, Angola, Venezuela, Equador.
“Essa diferença paga pelo povo brasileiro alimentou algumas das
ditaduras mais corruptas do universo. Alguns ditadores tiveram sobrevivência
graças a esses recursos que saíram dos cofres dos trabalhadores brasileiros,
especialmente, através do FAT, do PIS/Pasep, do FGTS. Recursos pertencentes aos
trabalhadores brasileiros foram repassados para alimentar as ditaduras
sanguinárias de outros países, alimentando também a corrupção internacional. As
empresas que obtinham aqui os recursos realizavam obras – ou supostamente
realizavam obras. Provavelmente, em alguns casos, as obras nem sequer foram
realizadas, e os recursos foram desviados. Até 2060 o povo brasileiro
complementará a diferença entre essas taxas de juros aos empréstimos realizados
pelo BNDES nesses anos no valor de R$ 184 bilhões. Portanto, os brasileiros
pagarão R$ 184 bilhões, subsídio para a diferença entre uma taxa de juro paga
pelo governo e a taxa de juro oferecida aos empresários beneficiados nesse
complexo esquema de corrupção, sim, que começou lá atrás, com a alteração do
estatuto do BNDES”, explicou Alvaro Dias.
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