Ricardo Noblat
De que adiantou a Dilma não roubar? Sabia que dinheiro público era desviado da Petrobras e pouco fez para estancar a sangria. Aceitou que dinheiro sujo pagasse despesas de sua campanha. Sugeriu ao casal João Santana que protegesse sua fortuna transferindo-a da Suíça para Cingapura. E criou um e-mail secreto para informá-lo sobre os avanços da Lava Jato. Se não roubou, foi conivente ou cúmplice.
Por que no primeiro mandato devolveu aos mesmos partidos os ministérios dos cinco ministros que demitira por suspeita de roubo? Porque foi convencida por Lula de que precisaria do apoio deles para se reeleger. A “faxineira ética” teve vida curta…
Por que logo no início do segundo mandato aceitou o pedido de demissão de Graça Foster depois de tê-la nomeado três anos antes para presidir e higienizar a Petrobras?
Porque Foster trocara diretores, admitira vultosos prejuízos e proibira 23 empresas investigadas pela Lava Jato de fazerem novos negócios com a Petrobras.
Lula mandara sucessivos recados para Dilma sobre o empenho de Foster em “fechar as torneiras” que irrigavam o pagamento de propinas aos partidos. Apontada antes por ele como “a melhor gestora”, Dilma simplesmente puxou o tapete de sua melhor amiga.
Segundo Mônica Moura, mulher de Santana, o empresário Marcelo Odebrecht pediu que seu marido procurasse Dilma para anular as provas da Operação Lava-Jato remetidas ao Brasil pela Suíça. O marqueteiro recusou-se.
Mônica levou o pedido até ela. “Eu não posso fazer nada disso, eles são loucos, eles acham que eu posso fazer o quê? Não posso me meter nisso”, respondeu a presidente, irritada. Resposta errada!
Fosse honesta como diz, Dilma deveria ter chamado o ministro da Justiça e ordenado que tomasse providências judiciais contra Mônica e Marcelo. Mas, não.
Combinou com Mônica a criação de um e-mail secreto para que se comunicassem a salvo de bisbilhoteiros. E mais tarde, por telefone “seguro” à prova de grampo, avisou a Santana na República Dominicana que o casal seria preso ao desembarcar de volta ao Brasil.
Um dia ainda saberemos o que Dilma disse a Lula para barrar sua pretensão de ser candidato em 2014. Lula contava com o apoio do PT e da “organização criminosa” que roubara muito enquanto ele governou. A Lava Jato já estava nos seus calcanhares.
Por aqui, presidente da República não pode ser processado por atos que praticou antes da posse. Lula carecia de imunidade. Carece cada vez mais e desesperadamente.
Só o desespero pode explicar, por exemplo, seu encontro no final de 2014 em um hangar do aeroporto de Congonhas com o ex-diretor da Petrobras Renato Duque.
Por que um ex-presidente se reuniria às escondidas com uma pessoa encrencada com a Lava Jato?
Para perguntar se Duque tinha dinheiro no exterior, contou Lula ao juiz Sérgio Moro. Para mandar que destruísse provas de que tinha dinheiro escondido, afirmou Duque.
O uso de caixa dois em campanhas corrompe o princípio constitucional da igualdade de condições entre os candidatos. Lula e Dilma não só se valeram caixa dois para se eleger como governaram sob um mar de lama.
Roubo é roubo, não é apenas “mal feito” como Dilma preferia chamar. “Roubalheira” não é tão somente “esculhambação” como ela chamou em conversa com Mônica Moura.
Por pensamentos, palavras e obras, Lula e Dilma pecaram gravemente contra a democracia. Que paguem por isso, ou não haverá Justiça neste país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário