por Clóvis Rossi
Deu na Folha, no fim da semana passada: “A desigualdade de renda no Brasil não caiu entre 2001 e 2015 e permanece em níveis ‘chocantes’, de acordo com um estudo feito pelo World Wealth and Income Database, instituto de pesquisa codirigido pelo economista Thomas Piketty, conhecido por seus estudos sobre desigualdade com a obra ‘O Capital no Século 21′”.
Nada que quem me lê –se há alguém que o faça– não soubesse. Cansei de escrever que não passava de lenda a intensa propaganda do lulopetismo de que a desigualdade caíra no Brasil.
Agora que a mesma constatação sai em inglês, é possível que os tapuias passem a acreditar.
O fato é que os mais ricos ficaram ainda mais ricos no governo do suposto “pai dos pobres”: os 10% mais ricos da população aumentaram sua fatia na renda nacional de 54% para 55%, enquanto os 50% mais pobres ampliaram sua participação de 11% para 12% no período, informa a bela reportagem de Fernanda Perrin e Natália Portinari.
Era inevitável que isso acontecesse quando se sabe que o Bolsa Juros, que vai para os mais ricos, representa uma doação do governo 14 vezes superior ao que o Bolsa Família dá aos mais pobres. Distribuição de renda, pois, às avessas: de todos para os mais ricos.Mais: o crescimento econômico do período, que foi mais que razoável, foi abocanhado em 61% pelos 10% mais ricos, sobrando apenas 18% para a metade mais pobre.
Quem perdeu foi a classe média, os 40% espremidos entre os 10% mais ricos e os 50% mais pobres: sua participação recuou de 34% para 32%
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